segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sobre a bagagem e as lembranças

Se você soubesse que iria deixar a sua cidade, para sempre, o que levaria??

Descobri que a minha mala precisa ser bem menor do que tinha projetado inicialmente. Não se pode levar TUDO. Deve-se escolher, com cuidado, o que vai e o que não pode ser deixado para trás, de jeito nenhum.

Nos itens dispensáveis, encontrei roupas mais velhinhas, roupas novinhas em folha, mas que nunca usei, livros que nunca li e miudezas de toda natureza, que ficavam guardadas nas gavetas. Aqueles restos de tecido que, um dia, eu usaria para fazer uma linda bolsa de retalhos. Minha coleção de esmaltes, as escovas de dentes reserva e um frasco de xampu cheinho. A cada revisão, para caber na mudança, uma surpresa. "Nossa, eu vou deixar ISSO para trás??? Puxa!! Nunca imaginei!!"

Importantes são as minhas roupas favoritas, os sapatos e documentos. Ah, os documentos!! A parte mais sem-graça da minha mala, ocupando um espaço razoável e que seria muito mais prazerosamente aproveitado por praticamente qualquer outra coisa, rsrs! A mobília foi com a companhia de mudança e junto foram os pratos, travessas e panelas. Ali também houve cortes radicais e em maior escala. Mesmo que outra pessoa embale e se encarregue do transporte, ainda assim não dá para se levar tudo.

O que não pode ser deixado para trás, de jeito nenhum, é a oportunidade de dizer às pessoas que amo o quanto elas são importantes para mim. Dizer que vou sentir saudades, agradecer por tudo, chorar... Descobri que, de tudo, são as lembranças os itens mais indispensáveis da minha bagagem. E aí surge uma disposição fora do normal de fazer malabarismos e dividir meu tempo em mil partes, só para trocar todos os abraços de despedida. Venço o cansaço e o sono para dedicar a todos uma atençãozinha especial.

E quando surge a crítica de que eu deveria expressar isso sempre e não só nas despedidas, lembro que as despedidas estão aí justamente para ensinar sobre a importância de nos abrirmos cada vez mais para aqueles que amamos. Nessa hora, o que é mais importante prevalece. As briguinhas perdem a força e o sentido. A saudade bate, mesmo antes de a distância acontecer. A cidade ganha cores diferentes e cada rua revela a sua memória particular. Não é possível levar tudo que se ama, nas mãos. Muitos projetos são deixados para trás e deixam aquela vontadezinha no ar. Mas não. É preciso ir em frente e cuidar dos sonhos que vem. Não faz sentido carregar uma bagagem tão grande quando se tem uma vida toda pela frente.

Estou aprendendo a me despedir, rs. Quando saí da terrinha, foi bem diferente. Não sei se eu estava muito em choque, se era mais imatura ou se, simplesmente, sabia que iria voltar, um dia. Somente desta vez me sinto realmente em despedida. Sei que não volto mais aqui ou, ao menos, não pretendo. Fiquei feliz de conseguir falar a algumas pessoas sobre meus sentimentos mais sinceros. É como se eu tivesse feito jus aos meus sentimentos e à amizade.

A partir de hoje, faltam 8 dias. Na próxima segunda-feira, se inicia uma nova etapa da minha vida: vou me casar, rs. Não que já não esteja casada, no coração, há bem mais de um ano. É um dia pelo qual venho ansiando há muito tempo. Pudera eu não estar dormindo tão bem, rs. Mas, mesmo com sono, estou muito feliz. :-)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Delírios de Amélia

As feministas não vão gostar nada deste post, rsrs...

É que, de vez em quando, passo um tempo a visualizar-me como uma feliz dona-de-casa, mãe-de-família, rainha do lar, enfim, alguém totalmente dedicada ao bem estar doméstico. Nesses devaneios, me imagino alegremente limpando (hã??) a minha casa, cuidando da decoração, preparando mil novas receitinhas saudáveis e deliciosinhas para o meu marido e meus filhos, no meu lindo vestido acinturado e avental branco, rsrs.

De onde será que saiu isso?? Essa não era a fantasia das mulheres lááááá dos anos 30?? Ou será que isso ainda está no pano de fundo das nossas consciências, como um desejo herdado, entranhado e escondido, acessível apenas aos que estão dispostos a remar contra a maré atual??

Não sei, mesmo. Mas já superei aquela fase do feminismo exagerado, que foi necessário, no anos 60, 70, até 80, mas que hoje não tem mais cabimento. Hoje, as mulheres (no Brasil, na minha faixa sócio-econômica) estão em condições de escolherem o que querem ser, como querem agir, se isso estiver de acordo com seus parceiros (ou parceiras). E por que não escolher dedicar-se à família??

Fim das contas, entretando, acho que não nasci para ser "do lar". Por mais que adore meus momentos housewife, sinto uma enorme necessidade de estar no mundo e interagir com as pessoas e situações lá fora. Não costumo durar mais do que uma tarde do lado de dentro de paredes. A horas passadas cuidando da casa me dão uma sensação mista de satisfação e de confinamento e logo preciso sair correndo (literalmente), para arejar a alma.

A solução, para mim, é um malabarismo dos desejos e a administração do tempo para realizá-los. É ouvir, ao mesmo tempo, as duas Amélias em mim - a Earhart e a doméstica, rs. É sempre buscar um tempinho para ser eu mesma por inteiro, abraçando as minhas contradições. Acima de tudo, não me prender a estereótipos, sejam eles de tradição ou de feminismo.

Ufa!! Dá uma suadeira só de pensar, rsrs! E vamo que vamo! ;-)


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Contagem Regressiva!



Agora é oficial!! Em menos de um mês, minha vida mudará de endereço!! Agueeeenta coração!! :-DDD

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mala ao avesso

Hoje resolvi cometer mais um ato de fé e arrumei uma mala.

Essa mala foi bem diferente das outras que já fiz. Enquanto sempre tento imaginar o que vou usar, dessa vez só embalei o que imagino que não vou usar, rs. Em vez de calcular a quantidade de roupas para levar, estimei a quantidade que precisa ficar.

E o prazer de ver o armário ficando vazio, vazio é indescritível... :-)

Movimento Pequenos Prazeres


1. Afagar um cachorrinho.
2. Dar uma volta na rua, a pé, tarde da noite.
3. Fazer uma refeição só com café, pão francês e manteiga.

Gostou da idéia?

Então, publique os seus 3 pequenos prazeres e convide os amigos a fazerem o mesmo!

Mas antes dá uma passadinha lá no Reflexos e assiste ao vídeo editado pela Raquel, criadora desse movimento. É ótimo para a inspiração, rs!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Estranha apatia

Ontem à noite fiquei, mais uma vez, boquiaberta com um quadro que se repete por vezes demais aqui, nesta cidade onde vivo há 6 anos e 8 meses. Nesse quadro, uma pessoa assiste, com aparente indiferença, enquanto outra passa por um "aperto" de tamanho pequeno a moderado. Nos casos, o espectador do "aperto" poderia, sem grandes esforços e nenhum prejuízo para si, livrar ou aliviar o colega ser humano de alguma chateação, mas, por algum motivo que me foge completamente à compreensão, o movimento não acontece. É como se a situação do outro simplesmente não acendesse, em quem apenas assiste, nenhuma fagulha de desejo de ser útil. É como uma apatia social.

Na terra de onde vim, a situação é bem diferente. Lá, a simples visão de um garrafão d'água dentro do meu carro, por exemplo, é suficiente para que o porteiro saia (às vezes correndo) de onde estiver e venha me oferecer auxílio. Também não é preciso pedir ajuda a ninguém com algum excesso de compras, os próprios vizinhos são os primeiros a agir. Parece haver, nessa cultura, um prazer embutido na realização da pequena boa ação que, por si só, é suficiente para impulsionar quem a pratica.

Suponho que precisaria de mais tempo vivendo aqui, nesta cidade, para realmente compreender o que é que (des)motiva as pessoas a agirem dessa forma. É como se um instinto social natural tivesse sido contido há tanto tempo e por tantas pessoas, que tornou-se regra não interferir na vida do outro, mesmo que seja para ajudar.

Pois ontem à noite estava em casa, quando ouvi a buzina insistente de um carro. Vários minutos depois, a buzinação continuava e finalmente fui à janela, entender o que estava acontecendo. Vi uma mulher, com sua filha de uns 7 anos, muito irritada e já ligando para a polícia. O motivo é que ela não estava conseguindo manobrar o carro para fora da vaga, por acreditar estar "trancada" pelo veículo que estava parado atrás, a uma certa distância. Fazia ao menos 15 minutos que ela estava ali buzinando.

Da janela de casa, logo percebi que a manobra era possível, se ela recebesse alguma ajuda. Prontamente desci as escadas e me ofereci para orientá-la. Mesmo atordoada e nervosa e "certa" de que não era possível, ela concordou em tentar mais uma vez e, em menos de 5 minutos, conseguimos. Ela me agradeceu muito, foi embora e eu voltei para o meu apartamento perplexa, pois o porteiro, que a tudo assitira, não tinha esboçado qualquer reação. Se ele tivesse ajudado no começo de tudo, a moça muito teria lucrado e ele, o que teria perdido??