segunda-feira, 18 de junho de 2012

A mudança continua

Ao decidir escrever hoje, percebi a recorrência do tema. Dei um pesquisada no blog e encontrei nada menos que 4 postagens sobre este assunto! Aqui, aqui, aqui  e aqui.

Chamo a isso, internamente, de "Luciana querendo acordar", ou "Luciana querendo nascer".Isso porque, em vários momentos, me vem essa imagem, essa sensação de que estou nascendo agora. É sério! Uns meses atrás eu me sentia em pleno trabalho de parto, hahaha! Hoje, me vem muito a imagem de uma recém-nascida.

Continuo escolhendo largar antigas decisões. Aparecem, aos montes, nos momentos e assuntos mais diversos. Decisões tomadas com certa consciência, porém com a maturidade de uma menina de uns 8 anos. Acho que 8 anos foi a idade em que formei a base mental da minha personalidade.

Tem sido tão gostoso retomar essas decisões. Perceber que, sim, a vida às vezes é difícil e os relacionamentos são complicados e a gente se magoa, se julga... Perceber o quanto fui dura comigo mesma, considerando-me inadequada, vergonhosa, enfim, errada! Perceber quanto tempo da minha vida gastei (gasto) disfarçando quem sou de alguma outra coisa (outra coisa melhor? há controvérsias!). Perceber, no fim das contas, que todas as defesas que armei naquele tempo não são a melhor forma de lidar com as dificuldades. Isso é o que tem me dado a liberdade de experimentar outras soluções. 

De todas, a maior lição tem sido respeitar a criança que fui. Aquela que ainda vive em mim, por meio de lembranças e de características que, de tão básicas, parecem ser instintivas, inerentes a esta pessoa que escreve. Na minha cabecinha de 8 anos, a única solução possível, tomada com muuuita raiva e vergonha, foi (tentar) trancafiar (sem sucesso) todas as minhas características ruins numa jaula e mantê-las ali, quietas, para que não me atrapalhassem. Elas formavam a minha "fera", que eu temia ser capaz de destruir todos os meus relacionamentos.

Agora, escolho me colocar frente a frente com "a fera". Escuto-a, deixo-a falar, comigo e com os outros. Também escolho admitir, para mim mesma, tantas outras características, sentimentos e impulsos que considerei terríveis demais para aceitar. Não sem um certo constrangimento, claro. Não quero deixar aqui a impressão de que isso é sempre uma delícia. Afinal, admitir sentimentos e atitudes de inveja, egoísmo, destrutividade, não é exatamente como ir a um parque de diversões. Mas, engraçado... o reconhecimento tem trazido um alívio muito mais magnético do que qualquer impulso de correr da raia.  

E quando é demais e não tenho mais colo para dar a mim mesma, quando desaparecem de mim a compreensão e a aceitação de que preciso, rezo. Peço a Jesus, em sua compaixão infinita, que ensine isso ao meu coração. Peço a Padmasambhava, o Bodhisatva da Compaixão, que me inspire. Peço ao meu "protetor", que tantas vezes se comunicou comigo por meio de uma amiga, que sussurre ao meu ouvido palavras de sabedoria. Vou à praia e deixo que o vento, a areia, o mar, me lembrem do que a vida realmente é feita.

A minha longa caminhada está me trazendo exatamente até onde sempre estive. Nada mudou. Apenas estou descobrindo que aquela coisinha esdrúxula e insuportável que eu era, na verdade, não tinha nada de errado. Nenhuma criança nasce errada. Elas apenas não sabem disso. Aí, sim, elas adoecem.

2 comentários:

  1. Mais um post lindo, Lu.

    É questão de acolher a sombra pra depois integrar, né? E aceitar a nossa humanidade. Aprendi isso com você num daqueles emails que trocamos durante aquele meu período pós-término.

    beijo

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  2. Muito bom. A maturidade nos dá uma leveza ímpar! Bjs!

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